Professor, historiador, documentalista e activista social.
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- desderio supeia
- Adoro e amo o meu trabalho, aliás gosto de tudo o que faço.
terça-feira, 31 de maio de 2016
Os Ajauas constituíram comunidades matrilineares conhecidas por Mbumba cuja autoridade máxima era designada ASYENE MBUMBA.
Antes das grandes mudanças económicas e políticas surgidas durante os séculos XVIII e XIX, com o comércio de marfim e escravos, pode-se afirmar com alguma segurança que a sociedade Ajaua era caracterizada por uma economia agrícola, cultivando cereais diversos.
As linhagens matrilineares organizavam-se localmente na base de um grupo de irmãs, de suas filhas casadas e dos filhos solteiros, todos sob chefia de um irmão mais velho designado por ASYENE MBUMBA, que podemos traduzir por Guardião da linhagem. O ASYENE MBUMBA para o exercício do seu cargo era obrigado a mudar a sua residência e das suas mulheres para a aldeia do grupo sororal. Como a maior parte dos trabalhos agrícolas (sementeiras, sacha e colheitas) eram feitos pelas mulheres e filhos solteiros, os homens adultos dedicavam-se a caça e a pesca em grande escala.
Para além da agricultura, da caça e da pesca, os Ajauas desenvolveram o fabrico de instrumentos de ferro: enxadas, machados, armas. Com estes produtos, os Ajauas estabeleceram contactos comerciais com Quíloa, Zanzibar, Ibo e com Ilha de Moçambique. Nas viagens à costa do Índico, os Ajauas trocavam tabaco, artefactos de ferro, peles de animais e Marfim por sal, tecidos e missangas.
A partir de 1840/50, os grandes Estados Ajaua das dinastias Mataca, Mtalica, Makanjila e Jalasi, tinha no comércio de escravos o pilar da sua economia. As jovens escravas obtidas nas razias eram tornadas esposas dos homens livres.
O trabalho produtivo dos escravos (homens e mulheres) na agricultura e dos homens no artesanato aumentou consideravelmente o poder económico e político dos chefes e modificou o ordenamento habitacional do território Ajaua.
É nessa época que surgiram as grandes aglomerações habitacionais onde viviam agrupadas as esposas dos chefes. O primeiro soberano Mataca tinha 600 esposas dispersas por oito aldeias, das quais um terço vivia na capital, Mwembe.
A introdução maciça de armas de fogo e da pólvora contribuiu para a gigantesca empresa de caça ao homem e para afirmação do poder guerreiro e mercantil das dinastias Ajaua.
A islamização da aristocracia Ajaua fortaleceu ainda mais o poder teocrático dos soberanos Mataca. Mtalica que passaram a ser designados e considerados por Xeicados.
Materia Relacionada:
Os Prazos da Coroa do Vale do Zambeze
Os Estados Marave
A Independência da Tanzania
Elaborado por Desderio supeia, estudante de Historia com habilitacoes a sociologia
HISTÓRIA DO VOLEIBOL
O voleibol foi criado em 9 de Fevereiro de 1895 pelo americano William George Morgan, diretor de educação física da Associação Cristã de Moços (ACM), na cidade de Holyoke, em Massachusets.
A primeira bola de voleibol foi uma câmara de bola de basquetebol. Mais tarde, Morgan solicitou a firma A.G..Stalding &.Brothers a fabricação uma bola para o referido esporte.
REGRAS BÁSICAS DO VOLEIBOL
O espaço de jogo é um retângulo de 18 metros de comprimento por 9 de largura, e é dividido por uma linha central em dois quadrados com lados de nove metros que constituem as quadras de cada time. O objetivo principal éconquistar pontos fazendo a bola tocar na quadra adversária, ou fora da área de jogo após ter sido tocada por um oponente.
Acima da linha central, é postada uma rede de material sintético a uma altura de 2,43m para homens ou 2,24m para mulheres (no caso de competições juvenis, infanto-juvenis e mirins, as alturas são diferentes). Cada quadra é por sua vez dividida em duas áreas de tamanhos diferentes (usualmente denominadas "rede" e "fundo").
A BOLA
A bola empregada nas partidas de voleibol é composta de couro ou couro sintético e mede
aproximadamente 65 cm de diâmetro. Ela pesa em torno de 270g e deve ser inflada com ar
comprimido a uma pressão de 0,30 kg/cm2.
ANTENAS
Acima da quadra, o espaço aéreo é delimitado no sentido lateral por duas antenas postadas em cada uma das extremidades da rede. No sentido vertical, os únicos limites são as estruturas físicas do ginásio.
O JOGO
O voleibol é um jogo em que os jogadores usam as mãos para tocar a bola. Porém, não é permitido segura-la ou carrega-la. Controlada apenas por toques das mãos, a bola deve ser lançada para o campo adversário, e vice-versa, por cima da rede que divide os dois campos, até que a bola toque o chão.
O jogo inicia com a bola sendo lançada para o campo do adversário por um jogador que se coloca atrás da linha de fundo de seu campo. Este lançamento é chamado saque. No saque a bola deve ser golpeada e não lançada.
Ao contrário de muitos esportes coletivos, tais como o futebol ou o basquete, o voleibol é jogado por pontos, e não por tempo. Cada partida é dividida em sets que terminam quando uma das duas equipes conquista 25 pontos.
Deve haver também uma diferença de no mínimo dois pontos com relação ao placar do adversário - caso contrário, a disputa prossegue até que tal diferença seja atingida. O vencedor será aquele que conquistar primeiramente três sets.
O jogo termina quando um time completa três sets vencidos, cada partida de voleibol dura no máximo cinco sets. Se isto ocorrer, o último recebe o nome de tie-break e termina quando um dos times atinge a marca de 15, e não 25 pontos.
Como no caso dos demais, também é necessária uma diferença de dois pontos com relação ao placar do adversário.
COMPOSIÇÃO DAS EQUIPES
Cada equipe é composta por doze jogadores, dos quais seis estão atuando na quadra e seis permanecem no banco na qualidade de reservas.
DISPOSIÇÃO DOS JOGADORES
Os seis jogadores de cada equipe são dispostos na quadra do seguinte modo:
No sentido do comprimento, três estão mais próximos da rede (jogadores de ataque) e três mais próximos do fundo (jogadores de defesa); e, no sentido da largura, dois estão mais próximos da lateral esquerda; dois, do centro da quadra; e dois, da lateral direita. Estas posições são identificadas por números: com o observador postado frente à rede, aquela que se localiza no fundo à direita recebe o número 1, e as outras seguem-se em ordem crescente conforme o sentido anti-horário.
RODÍZIO
O rodízio no Voleibol é o ato no qual os jogadores de uma equipe rodam na quadra, no sentido horário, trocando uma posição em relação a ocupada anteriormente.
Quais são as posições de rodízio?
As posições de rodízio vão de 1 a 6. Sendo que o jogador que ocupar a posição N° 1, sempre será o responsável, obrigatoriamente, de realizar o saque da equipe.
Rede e Fundo:
No Voleibol se denomina que os jogadores que ocupam as posições 4, 3 e 2 no rodízio estão “na rede” e os jogadores das posições 5, 6 e 1 estão “no fundo”.
Quando ouvimos em uma transmissão de um jogo de Voleibol na TV, que a “rede” de determinada equipe é uma “rede” alta, a palavra rede aparece no sentido conotativo, já que a rede que o locutor está se referindo é referente aos jogadores que estão ocupando as posições 4, 3 e 2 no rodízio, que por sua vez, são os mais altos da equipe.
Quando ocorrerá o rodízio?
O rodízio ocorre todas as vezes em que uma equipe marca um ponto após o saque da equipe adversária. Ou seja, se sua equipe marcou um ponto após o saque do adversário, sua equipe deve rodar uma posição, no sentido horário. Já se sua equipe marcou um ponto após um saque de sua própria equipe, o rodízio permanece como está.
Regras relacionadas ao rodízio:
Primeira regra relacionada ao rodízio está relacionada ao saque, que sempre será feito pelo jogador que ocupar a posição 1 após um rodízio.
Outra regra importante é que os jogadores que ocuparem as posições de “fundo” (1, 5 e 6) não podem atacar na linha de 3 metros, ou mesmo pisando nela. De forma, esses mesmos jogadores também ficam impedidos de bloquear, já que é impossível efetuar um bloqueio estando atrás da linha de 3 metros.
SUBSTITUIÇÃO
A substituição é um ato no qual um jogador, já registrado pelo Apontador(a), entra no jogo para ocupar a posição de um outro jogador, que deverá sair da quadra de jogo (exceto para o Líbero). Uma substituição requer a autorização dos árbitros.As substituições são limitadas: cada técnico pode realizar no máximo seis por set, e cada jogador só pode ser substituído uma única vez, devendo necessariamente retornar à quadra para ocupar a posição daquele que tomara originalmente o seu lugar.
LÍBERO
É um jogador com características exclusivamente defensivas. Só pode jogar atrás da linha dos 3 metros, e não pode executar nenhuma ação atacante na zona do campo onde lhe é permitido jogar. Tem a cor do uniforme diferente dos demais jogadores em quadra, para facilitar a sua identificação.
Este jogador só pode jogar nas posições 1, 6 e 5, no momento da rotação (quando a equipa ganha o direito a servir). Se o libero estiver na posição 5 em campo, tem de ser substituído e só pode entrar em campo para substituir um dos jogadores que se encontrem na posição 1, 6 e 5 depois de uma das equipas executar o serviço.
A entrada em campo do libero, isto é, sempre que este vai substituir um dos jogadores não exige a autorização do árbitro.
FUNDAMENTOS DO VOLEIBOL
Saque - É o fundamento que dá inicio a partida, pode ser feito por cima(flutuante, viagem ao fundo do mar) ou por baixo (simples ou jornada nas estrelas).
Recepção - Acontece após o saque, a técnica usada para fazer a recepção é a MANCHETE e o objetivo do jogador que faz a recepção é colocar a bola na mão do levantador.
Levantamento - Acontece após a recepção, a técnica utilizada é o TOQUE e tem como objetivo preparar a bola para um ataque.
Ataque - O ataque é feito após o levantamento, a técnica usada para fazer o ataque é a famosa CORTADA e tem como objetivo "cravar" a bola na quadra adversária.
Defesa - Acontece após um ataque quando não o bloqueio não funciona, a técnica mais utilizada para fazer a defesa é a MANCHETE, porém, a defesa pode ser feita com qualquer parte do corpo, inclusive com os pés.
Bloqueio - Acontece após o ataque, é feito próximo a rede e com os dois braços erguidos e esticados. Tem como objetivo bloquear o ataque de forma que a bola caia na quadra adversária.
Fundamentos Técnicos:
Gerais:
Posição Básica
Toque de Bola ( toque e manchete)
Deslocamentos
Ofensivos:
Saque
Levantamento
Cortada
Defensivos:
Recepção
Defesa
Bloqueio
Fundamentos Táticos
Ofensivos:
Cortada
Levantamento
Saque
Sistema Tático Ofensivo
Contra-Ataque
Defensivos:
Defesa
Bloqueio
Armações Defensivas
POSIÇÃO BÁSICA
Os Pés afastados, lateralmente, estando um deles ligeiramente à frente do outro, pontas dirigidas para frente; pernas semi-flexionadas, com os joelhos orientados na mesma direção dos pés; tronco ligeiramente inclinado; peso do corpo igualmente distribuído sobre as pernas; braços separados e voltados para frente; antebraços flexionados, estando as mãos com os punhos um pouco estendidos, à altura do rosto; dedos separados; polegares quase se tocando; cabeça elevada com o queixo um pouco acima da horizontal.
TOQUE
Braços semi-flexionados, as mãos abertas imitando a forma da bola e cotovelos paralelos ao corpo, as pernas semi-flexionadas, mantendo uma boa base de equilíbrio, sempre com uma perna à frente, impulsionar pernas e braços num movimento bem sincronizado e natural.
DESLOCAMENTOS
Da posição básica, os jogadores devem iniciar seus deslocamentos na quadra. Assim sendo, as partidas rápidas, paradas bruscas, saltos, mudanças de direção, trocas de posição e etc., devem ser analisadas e praticadas constantemente, pois, o manejo do próprio corpo é de importância fundamental na prática de qualquer desporto e cresce essa importância quando se trata do voleibol em virtude da variedade e rapidez de movimentos próprios desse grande desporto.
SAQUE
Definição:
É o ato de enviar a bola da área de saque para a quadra contraria pelo atleta posição 1, que devera golpeá-la com parte do braço. Para o golpe, a bola devera estar solta.
Será direcionada para a quadra do adversário e passar por sobre a rede e entre as antenas.
Classificação do Saque:
Trajetória regular
Tênis
Balanceado americano.
Tênis cortada (viagem)
Trajetória irregular (Flutuante):
Tênis
Balanceado japonês
Qualidades desejáveis no saque:
Regularidade
Precisão
Potência
Pontos mais importantes na realização do saque:
Controle da bola
Sua velocidade
Mudanças de direção
Efeito da bolano espaço:
Com rotação
Sem rotação
TIPOS DE SAQUE
Saque por Baixo
É um saque simples e também fácil de executar. De frente para a quadra, pé esquerdo à frente, mão esquerda segurando a bola, você deve fazer, com o braço direito, um movimento de trás para a frente, golpeando a bola quase simultaneamente à sua liberação pela mão esquerda à frente do corpo. A mão que bate na bola poderá estar espalmada ou fechada. Para os canhotos, valem os mesmos movimentos no sentido inverso.
Saque por Cima (Tipo Tênis)
O saque por cima é o mais utilizado no voleibol, pelas variações que oferece em relação a trajetória da bola, local onde se queira sacar e distância que se queira atingir. Por tudo isso, você deve treinar bastante para uma perfeita assimilação deste saque.
LEVANTAMENTO
O levantamento é normalmente o segundo contato de um time com a bola. Seu principal objetivo consiste em posicioná-la de forma a permitir uma ação ofensiva por parte da equipe, ou seja, um ataque.
A exemplo do passe, pode-se distinguir o levantamento pela forma como o jogador executa o movimento, ou seja, como "levantamento de toque" e "levantamento de manchete". Como o primeiro usualmente permite um controle maior, o segundo só é utilizado quando o passe está tão baixo que não permite manipular a bola com as pontas dos dedos, ou no voleibol de praia, em que as regras são mais restritas no que diz respeito à infração de "carregar".
CORTADA
É o gesto mais espetacular do jogo. Consiste no ato de golpear a bola para a quadra adversária na tentativa de vencer o bloqueio e a defesa contrária. Suas qualidades necessárias são: regularidade, precisão, potência.
O cortador deverá considerar o seu repertório técnico, a qualidade do levantamento, a área coberta pelo bloqueio, armação de defesa adversária, a situação do jogo e do set.
FUNDAMENTOS OFENSIVOS
O Sistema ofensivo é definido a partir de alguns fatores fundamentais:
Aproveitamento das aptidões e características individuais dos atacantes, do levantador e dos jogadores que recepcionam o saque;
Elaboração das combinações de ataque e algumas opções, distribuindo os atacantes a fim de equilibrar cada uma das 06 passagens de rede.
RECEPÇÃO
É uma ação de defesa em que o jogador tentará receber a bola do adversário efetuando um passe para o levantador. Esse fundamento influência na continuidade do jogo, que pode ser facilitada ou não para o time.
A forma básica de recepção é a manchete e a movimentação em direção à bola pode ser para frente, na lateral, na diagonal, com mergulho e com rolamento.
BLOQUEIO
É a tentativa de interceptar a bola vinda da quadra contrária, atacada sobre a rede por um ou mais jogadores de ataque. São finalidades fundamentais do bloqueio: deter ou amortecer a bola vinda do adversário, reduzir as áreas de ataque, dificultar a ação do atacante.
Os principais erros ao efetuar um bloqueio são:
Saltar embaixo da rede, braços ao longo do corpo, saltar em extensão, ficar muito longe da rede, saltar junto com a bola -esta estando nas mãos do levantador.
DEFESA
É a ação de recuperar as bolas vindas do ataque adversário que ultrapassam o bloqueio e de criar condições para o contra-ataque. Exige concentração, coragem e agilidade. Para facilitar os deslocamentos rápidos ou mesmo quedas a posição de defesa baixa é a melhor.
Os defensores devem analisar: armação de defesa da própria equipe, forma e tipo de levantamento do adversário, distribuição imediata dos demais defensores e bloqueadores.
FUNDAMENTOS DEFENSIVOS
Na defesa, os jogadores se colocam e se deslocam sobre a quadra com o objetivo de neutralizar os ataques adversários criando condições de contra-atacar.
Existem dispositivos táticos distintos para a recepção de saques e para a defesa de ataques dos cortadores adversários.
As ações de defesa se realizam, na maior parte das vezes, sem bola.
A utilização dos esquemas táticos e emprego das combinações táticas na defesa dependem da qualidade da preparação da bola na quadra adversária.
domingo, 8 de maio de 2016
Os Estados Mwenemutapa
Por volta de 1450, o Grande Zimbabwe
foi abandonado pela maior parte dos seus habitantes. O Estado de Muenemutapa é
formado a partir de um movimento migratório do Grande Zimbabwe, dos povos
Caranga-Chona, para a região do vale do Zambeze, na sequência da invasão e
da conquista por exércitos dirigidos por Nhatsimba Mutota,
ocorrida por volta de 1440-1450. Desenvolveu-se entre, os rios Mazoe e Luia, o
centro de um novo Estado chefiado pela dinastia dos Muenemutapa, que dominou e
subordinou a população pré-existente. A capital do império era Dande.
O grosso dos efectivos do grupo
invasor deu origem no vale do Zambeze a uma etnia denominada pelos povos locais
por Makorecore. Constituíram excepção da subordinação os Tonga,
matrilineares porque não falavam a língua Chona. RECAMA (2010:22)
O núcleo central que a dinastia
governava directamente entre, os rios Mazoe e Luia, era circundado por uma
cintura de Estados Vassalos cujas classes dominantes constituídas por parentes
dos Muenemutapas e opor estes a rebelar-se quando o poder central enfraquecia.
Entre os Estados vassalos do Estado de Muenemutapa encontravam-se Sedanda,
Quissanga, Quiteve, Manica, Bárrué e Maungwe. Os seus chefes pagavam
tributo ao Muenemutapa reinante e eram confirmados por este quando subiam ao
poder.
Os Muenemutapas dominaram a sul do
Zambeze até finais do século XVII, perdendo depois a sua posição em favor da
dinastia dos Changamire Dombo, cujo papel no levante armado contra a penetração
mercantil portuguesa.
Nos seus traços mais gerais, a
sociedade Chona caracterizava-se pela coabitação no seu seio de dois níveis
sócio-económicos distintos: de um lado a comunidade aldeã, designada por Musha ou Incube,
relativamente autárcica e estruturada pelas relações de parentesco; do outro
lado a aristocracia dominante (que se confundia com a família que reinava e
esta com o Estado), que controlava o comércio a longa distância e dirigindo a
vida das comunidades.
A comunidade aldeã ( Actividades económicas )
A actividade produtiva essencial das
comunidades aldeãs Chona baseava-se na agricultura. Os principais cereais
cultivados eram aMapira, a mexoeira, o naxemim e
o milho. Ao longo dos rios e sobretudo na zona costeira e solos
aluvionares, cultivava-se oarroz, usualmente para venda. O nível das
forças produtivas ainda era baixo. Nos trabalhos agrícolas utilizavam a enxada
de cabo curto e a agricultura praticava-se sobre queimadas. A pecuária, a
pesca, a caça, bem como o artesanato surgiram como apêndices complementares da
agricultura, submetendo-se aos imperativos do ciclo agrícola.
O trabalho nas minas aparecia como
imposição do exterior (da aristocracia dominante ou de comerciantes
estrangeiros), não fazendo parte integrante da actividade produtiva normal.
Com o decorrer do tempo, a
penetração árabo-persa e portuguesa trouxe novas necessidades (bens de
prestígio), as quais voluntária ou coercivamente levavam a população das
comunidades a praticar a mineração do ouro em escala considerável. O ouro
localizava-se nas regiões como: Chidima, Dande, Butua e Manica
As Mushas que integravam no geral
uma família no sentido lato ou um grupo de famílias com o mesmo antepassado,
o muri, viviam num regime de auto-subsistência e estavam
fundamentalmente orientadas para a produção de valores de uso. Todas as
relações entre os membros da sociedade Chona, ao nível das Mushas, eram
fundadas no parentesco. Acima das Mushas, como entidade superior erguia-se a
aristocracia dominante.
A
religião e o poder Ideológico
Segundo Bica Ismael (2010:77), a
religião e o poder do culto dos antepassados continuaram a ser a base
ideológica do império. Para o exercício do culto existiam existiam os Swikiros,
que afirmam os antepassados e estabelecer a ligação entre os seres vivos e os
mortos.Viviam associados a classe dirigente e eram um dos suportes de seu poder
Aristocracia dominante
Na sociedade Chona, o Estado era
personificado na pessoa do soberano, o Mambo, que devia desligar-se da sua
origem terrena para conferir à realeza, um carácter sagrado. Tornava-se assim o
representante supremo de todas as comunidades, o símbolo da unidade de
interesses dessas comunidades. Para quebrar todas as ligações com a sua
linhagem, e se tornar representante de toda a sociedade, indiferente às
rivalidades familiares, o Mambo cometia no momento da sua entronização, o
incesto com uma parente próxima, infringindo desse modo o mais absoluto
interdito. Daí que a principal mulher do Monomotapa era a sua própria irmã.
A autoridade efectiva do Mambo
processava-se através dos seus subordinados territoriais que integravam um
complexo aparelho de Estado. Esquematicamente a estrutura político
administrativa pode ser representada da seguinte maneira:
Organização
Politica e Administrativa
1. Mambo: chefe supremo.
2.
Mazarira, Inhahanca e
Nambuiza: três principais esposas do soberano com importantes
funções na administração.
3.
Nove altos funcionários: responsáveis pela defesa, comércio, cerimónias
mágico-religiosas, relações exteriores, festas, etc.
4. Fumos ou Encosses: chefes provinciais
5.
Mukuru ou Mwenemusha: chefes das comunidades aldeãs ou das Mushas.
6. As Mushas
O mambo possuía alguns funcionários
subalternos: Mutumes (mensageiros) e os Infices (guarda
pessoal do soberano – Mambo). RECAMA (2006:23)
Há que notar aqui que elegia-se Fumo
a quem tivesse maior riqueza material. Depois que ficara pobre, a comunidade
destituía-o através de uma cerimónia pela qual lhe eram atribuídos certos
símbolos de prestígio (um bordão e um chapéu de palha). O fumo deposto passava
a pertencer ao grupo dos “grandes” por mérito.
Salientar que semelhante controlo
não operava ao nível dos Mambos, geralmente oriundos da aristocracia invasora
descendente de Mutota, na qual a transmissão do poder se fazia por via
hereditária.
Articulação entre a aristocracia dominante e as
comunidades Mushas
A articulação entre a aristocracia
dominante e as comunidades aldeãs encerrava relações de dominação/subordinação
e exploração do homem pelo homem, materializadas pelas obrigações e direitos
que cada uma das partes tinha para com a outra. As comunidades aldeãs (Mushas)
sob direcção dos Mwenemushas, garantiam com o seu trabalho a manutenção e
reprodução da aristocracia dominante e esta concorria para o equilíbrio e
reprodução social de toda a sociedade Shona com o desenvolvimento de inúmeras
actividades não directamente produtivas.
Obrigações das Mushas
– Prestar 7 dias de trabalho mensais
nas machambas do Mambo;
– Construção de casas para os
membros da classe dominante (ZUNDE);
– Mineração do ouro para alimentar o
comércio a longa distância que garantia a importação de produtos para a
sociedade Shona, os quais ascendiam a categoria de bens de prestígio
(missangas, tecidos, louça, porcelana, vidros, etc).
– Pagamento de imposto em primícias
das colheitas (tributo simbólico) e uma parte da produção agrícola (regular);
– Entrega de marfim, peles de
animais e penas de algumas aves;
– Entrega de materiais de construção
de residências da Classe dominante, como pedras, estaca, palha, etc.
Obrigações da Classe dominante
– Orientar as cerimónias da
invocação da Chuva;
– Pedir aos Muzimos reais (espíritos
dos antepassados reais) a fertilidade do solo, o sucesso das colheitas;
– Garantir a segurança das pessoas e
dos seus bens;
– Assegurar a estabilidade política
e militar no território;
– Servir de intermediário fiel entre
os vivos e s mortos;
– Orientar as cerimónias
mágico-religiosas contra as cheias, epidemias e outras calamidades.
Os mambos eram garantes da
fecundidade da terra e depositários da ordem do território e constituíam os
antídotos mais eficazes contra o caos. A sua morte significava a perda da
estabilidade. Quando morria um Mwenemutapa e até a eleição do novo mambo, o
poder era exercido por um personagem que usava o nome de Nevinga. Sem
ser portador de qualquer atributo régio, era morto logo após a eleição de um
mambo de direito.
A eleição do verdadeiro mambo,
constituía motivo de festa porque se acreditava ter a ordem sido reposta com o
importantíssimo papel de mambo vivo, que tamanha admiração e entusiasmo causa
aos seus crédulos adoradores.
Papel das crenças mágico-religiosas ou aparato ideológico
dos Mwenemutapa
As crenças mágico-religiosas sempre
jogaram um papel muito importante para a manutenção do poder e da coesão
social. Praticavam cultos dedicados aos espíritos dos antepassados. Existiam
alguns termos que serviam para designar Deus: Mulungu, utilizado
nas terras marítimas, ao longo do vale do Zambeze e a nordeste do planalto
zimbabueano e Mwari a sul do planalto. Entre os Muzimu mais
temidos eram os dos reis.
Esta prática regular as classes
dominantes do estado dos Muenemutapas e dos estados satélites contactarem
regularmente com os seus Muzimu através de especialistas médiuns designados por
Pondoros ou Mondoros (leões). O Muenemutapa Matope, o segundo da dinastia
declarou que o seu espírito era imortal, esse metamorfoseava num Leão, pelo que
matar um Leão era considerado um crime imperdoável.
Os médiuns (Swikiros)
estavam estreitamente associados ao poder político e especialmente às sucessões.
Deviam conhecer profundamente a História genealógica e na sua maioria eram
estrangeiros, para assegurar imparcialidade em caso de arbitragem nos conflitos
sucessórios. Os Swikiros constituíam os suportes das classes dominantes e estas
as executoras das ordens dos antepassados, mortos em vida e vivos na morte.
Ciclo
do Ouro No estado de Mwenemutapa
Todo esse aparato ideológico
contribuía para assegurar a reprodução social Chona e das desigualdades sociais
existentes. Porém, o poder dos Muenemutapas e dos mambos em geral, não advinha
apenas das rendas e dos tributos que recebiam regularmente. O comércio a longa
distância (ouro) era a outra fonte
do poder dos mambos.
A fixação portuguesa fez-se
inicialmente no litoral, com a fundação da feitoria de Sofala em 1505 e na ilha
de Moçambique em 1507. Esperavam através de Sofala, controlar as vias de
escoamento do ouro e do marfim em pequena escala do interior.
Muito antes da chegada dos
mercadores portugueses em Moçambique, os Swahili-Árabes se encontravam na região,
controlando o ouro vindo do império de Muenemutapa através do rio Zambeze até
aos portos de Quelimane e Angoche. A partir de 1530, os portugueses penetraram
no vale do Zambeze fundando as feitorias de Sena e Tete em 1530 e a do
Quelimane em 1544. Trata-se agora de não controlar as vias de escoamento do
ouro, mas sim do próprio acesso as zonas produtoras do ouro, entrando em
contradição com os Swahili-Árabes.
Na sua penetração, os portugueses
utilizaram a religião cristã católica, organizando assim em 1561 uma expedição
missionária a corte do Mwenemutapa reinante chefiada pelo padre Jesuíta Gonçalo
da Silveira com o objectivo de converter a classe dominante à religião católica
tendo conseguido baptizar o Mwenemutapa e a sua família com o nome de D. Sebastião.
Para os portugueses ter o Muenemutapa e a sua família baptizados serviria de
trampolim para a concretização dos seus planos:
– Marginalizar os mercadores
asiáticos;
– Influenciar as decisões políticas
do imperador em seu benefício;
– Monopolizar o comércio do ouro;
– Promover manobras no sentido de se
alargar o período que os camponeses dedicavam á produção de valores de troca
(ouro) em detrimento da produção de valores de uso e consumo (agricultura).
O padre Gonçalo da Silveira é
acusado de feiticeiro e é morto e como retaliação aos acontecimentos de 1561,
os portugueses enviam uma expedição militar chefiada por Francisco Barreto em
1571 com o objectivo de conquistar as zonas produtoras do ouro e punir o
imperador reinante. Devido a grande coesão no seio da classe dominante e as
doenças tropicais explicam em grande medida a derrota que sofreram.
A primeira década do século XVII,
marcou o início de uma nova era no estado dos Muenemutapas. A classe dominante
encontrava-se envolvida em profundas contradições e lutas intra e
interdinásticas. Gatsi-Lucere, imperador sentindo-se militarmente impotente
para debelar a revolta comandada por Mathuzianye, viu-se obrigado a solicitar o
apoio militar português. Como recompensa, o Muenemutapa reinante prometeu em 1607
a concessão aos portugueses de todas minas do estado.
Com a morte de Lucere, em 1627, o
imperador Capranzina que representava uma facção oposta aos interesses
mercantis portugueses foi deposto e substituído por seu Tio Mavura. Os
portugueses baptizaram Mavura pelo nome de Filipe.
O processo do comprometimento do
novo imperador culminou com a assinatura no mesmo ano (1629) do tratado,
designado por tratado de Mavura que transformou o império num estado vassalo de
Portugal. Por este tratado, a aristocracia de Muenemutapa ficou obrigada a:
– Permitir a livre circulação de
homens e mercadorias isentas de qualquer tributo;
– A obrigatoriedade de o Muenemutapa
consultar o capitão português antes de tomar qualquer decisão importante;
– Não exigir aos funcionários e
mercadores portugueses a observância das regras protocolares quando recebidos
por autoridades e altos dignatários da corte (descalçar os sapatos, tirar o
chapéu, bater palmas, ajoelhar, etc);
– Não obrigar os mercadores
portugueses a pagarem impostos inerentes a sua actividade;
– Aceitar uma força constituída por
50 soldados portugueses na corte;
– Expulsar os mercadores asiáticos
do império;
– Permitir a construção de igrejas
no território.
O imperador com o tratado de
vassalagem deixou de representar e executar a vontade dos antepassados para
agir como um simples intermediário entre os interesses do capital mercantil
português e as comunidades aldeãs. Os camponeses das muchas eram obrigados a
trabalharem mais tempo na mineração do ouro em prejuízo da agricultura. A fome,
as epidemias, a morte de mulheres e crianças nas minas passaram a caracterizar
a sociedade Shona.
O fim da presença portuguesa no
império de Muenemutapa deu-se em 1693 quando Changamire Dombo, chefe de Bútua
levou a cabo a uma expedição militar contra os portugueses, tendo em dois anos
expulsado os portugueses e obrigando-os a atravessar o rio Zambeze e se fixarem
na margem esquerda, marcando assim o fim da fase do ouro e início da fase de
marfim.
Causas da decadência do império de Muenemutapa
– Fixação dos mercadores portugueses
na costa;
– Lutas pela sucessão;
– Falta de um exército permanente;
– A interferência dos estrangeiros,
sobretudo dos portugueses nos assuntos internos do estado;
– Invasão dos Ngunis;
– Alianças dos sucessores dos
Muenemutapa reinante aos portugueses.
Índice
Introducao…………………………………………………………………………………………1
Estado de
Mwenemutapa………………………………………………………………………….2
Actividades
Económicas…………………………………………………………………………..2
Organização sócio-política………………………………………………………………………...3
Papel da
Ideologia…………………………………………………………………………………4
Decadência do
estado……………………………………………………………………………..5
Ciclo do
ouro……………………………………………………………………………………...6
Conclusao…………………………………………………………………………………………7
Referencias
Bibliograficas………………………………………………………………………...8
Introdução
O Presente Trabalho da cadeira de
Historia ira abordar os seguintes temas: Estado de Mwenemutapa, Localização
temporal e espacial do Estado, actividades económicas, organização
sociopolítico, decadência do estado e papel da ideologia dentro do estado de
Mwenemutapa, e o ciclo do ouro. A Pertinência do tema intitulado é de grande
importância para a historia em particular de Moçambique medida em que da uma
visão ampla da sua formação e ideologia. Objectivos específicos são: Conceituar
o estado de Mwenemutapa, Ideologia e caracterizar a formação deste estado e as
Metodologias usadas foram: Métodos de investigação científica e Métodos de
pesquisa Bibliográfica.
Conclusão
Durante o trabalho de Campo Ficou claro que: Por volta de 1450, o
Grande Zimbabwe foi abandonado pela maior parte dos seus habitantes. O Estado
de Muenemutapa é formado a partir de um movimento migratório do Grande
Zimbabwe, dos povos Caranga-Chona, para a região do vale do Zambeze, na
sequência da invasão e da conquista por
exércitos dirigidos por Nhatsimba Mutota, ocorrida por volta de 1440-1450.
Desenvolveu-se entre, os rios Mazoe e Luia, o centro de um novo Estado chefiado
pela dinastia dos Muenemutapa, que dominou e subordinou a população
pré-existente. A capital do império era Dande; que grupo invasor
deu origem no vale do Zambeze a uma etnia denominada pelos povos locais por Makorecore, crenças mágico-religiosas sempre jogaram
um papel muito importante para a manutenção do poder e da coesão social.
Praticavam cultos dedicados aos espíritos dos antepassados. Existiam alguns
termos que serviam para designar Deus: Mulungu, utilizado nas
terras marítimas, ao longo do vale do Zambeze e a nordeste do planalto
zimbabueano e Mwari a sul do planalto. Entre os Muzimu mais
temidos eram os dos reis, (Swikiros) estavam estreitamente
associados ao poder político e especialmente às sucessões. Deviam conhecer
profundamente a História genealógica e na sua maioria eram estrangeiros, para
assegurar imparcialidade em caso de arbitragem nos conflitos sucessórios.
Referencias Bibliográficas
RECAMA, Dionísio Calisto, Historia
de Moçambique, da Africa e Universal, Plural Editores, Maputo, 2006.
Elaborado por denisderio supeia
Trabalho de investigação
de Historia: Estado de Mwenemutapa e o ciclo do ouro
Data;
21/03/2016
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